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Devocional

Mendicância

“A minha alma está profundamente triste até à morte, ficai aqui e vigiai comigo” (Mt 26.38).

Um Deus pedindo ajuda. Não, você não está lendo errado, foi isso o que houve. Ainda que haja o imperativo na frase, é um pedido de ajuda do tipo: meus amigos me ajudem em oração!

Digamos que é um Deus mendigo, um pedinte, um necessitado. Claro, estava em forma humana, mas nunca deixou de ser Deus. E agora estava implorando por ajuda humana. Por quê?

Não faço a menor ideia. Tenho lá meus palpites, mas não tenho certeza. Eu acho que Ele queria, contudo, nos ensinar que as coisas celestiais se materializam apenas na base da oração. Ainda que alguém possa dizer que Sua oração não tenha dado resultado. Será?

A redenção era a vontade do Pai. Um Justo pelos injustos. O preço pela morte do pecado. Dos nossos pecados. Um Justo assumindo nossa culpa. E pedindo oração para nós por Ele. Sabia que O trairíamos. Sabia que O cuspiríamos. Sabia que O crucificaríamos. Talvez, quem sabe, por isso tenha suado sangue?

Não sei quanto a você, mas eu sou devedor Dele. Sou devedor do Deus mendicante. O Deus que me pede apenas para vigiar e orar. Ele sabe o quanto sou sonolento.

Esse Mendicante...

Remoção

“Houve um grande terremoto, pois um anjo do Senhor desceu do céu, chegou, removeu a pedra e assentou-se sobre ela” (Mt 28.2).

Às vezes, nossa familiaridade com os textos bíblicos não nos permite prestar atenção aos detalhes e ao que os escritores tentam, pela misericórdia divina, nos informar. Vejamos se conseguimos.

Jesus estava morto desde sexta-feira, agora já era domingo pela manhã. Guardas protegiam o túmulo. Algumas mulheres se dirigiram até o local onde o corpo do Mestre fora colocado. Entretanto, a narrativa diz que houve um terremoto e que um anjo do céu removeu a pedra. Os guardas ficaram amedrontados. Detalhe, eram romanos. Ou seja, dificilmente alguma coisa normal os amedrontaria. Mas, isso não é o mais sobrenatural. O anjo conversa com as moças.

Incrível. Mas, sabe o que é mais incrível? É eu achar que Jesus, o Cristo, o Alfa e o Ômega, o Redentor da humanidade, o Deus encarnado precise de um anjo vindo do céu para remover uma simples pedra, ainda que pesada aos olhos humanos.

Não. De fato, não. Ele já havia ressuscitado. Ou você acha que uma pedrinha ia deter o Criador do universo? Caso alguém se pergunte, por exemplo, o porquê de o anjo vir e remover uma pedra. Bem, acompanho uma tese que li recentemente.

Foi por nós. Para nosso testemunho, para nossa fé, que aliás, é fraca e débil, e precisamos ver uma pedra ser rolada por um anjo vindo do céu para crer que o Senhor Deus Todo Poderoso encarnou e ressuscitou, exatamente como Ele disse que faria. Pobre de nós. Ou melhor, que sorte a nossa.

Esse Removedor...

Oferecedor

“Mas, Eu lhes digo: Não resistam ao perverso. Se alguém lhe ferir na face esquerda, ofereça-lhe também a outra” (Mt 5.39).

Já ofereceu a outra face hoje?

Complicado, muito complicado. No ocidente? Diria que é quase impossível. Geração má e adúltera para cá, geração má e adúltera para lá. Mas, outra face que é bom...

Só que Jesus, quando disse o versículo, não se preocupou em conceder exceções locais. Pelo contrário, o trecho que aborda vingança era para ser entendido no âmbito universal. E já que vingança costuma ser pecado, ou melhor, é pecado, será então que cometemos pecado? O que acha?

Não há escapatória, caso queira apoiar alguma defesa na exegese que for. Simplesmente não dá. Diria que foi um xeque-mate no xadrez da redenção por parte do Redentor. Não dá para entrar no céu assim. Na realidade, não dá para pensar no céu com o coração tão sujo e entulhado. Melhor começarmos uma faxina, antes que venham os próximos versículos. Já pensou andarmos mais uma milha dando a outra face, se não conseguimos nem dar o primeiro passo fazendo isso?

Pois é, esse é um daqueles textos que não deveriam ter sido registrados. Será? Então, você já ofereceu a outra face hoje?

Esse Oferecedor...

Profetizador

“Os homens que detinham a Jesus zombavam Dele e batiam Nele. Cobrindo-lhe os olhos, batiam-lhe no rosto e lhe perguntavam: Profetiza, quem é que te feriu?” (Lc 22.63,64).

Quem feriu a Jesus?

Bem, historicamente, os judeus que não seguiam seu discipulado. Aqueles que seguiam a lei de Deus, ou seja, o povo de Deus. Pelo menos era assim que se definiam. Mas, já que eram povo de Deus, por que batiam no rosto de Jesus?

É uma boa pergunta. Vamos tentar exemplificar. Suponhamos que você minta. Isso mesmo, você agora é um mentiroso, ou mentirosa, como queira. Em nosso exemplo você acabou de esbofetear a Jesus. Mentir não é pecado?

Vamos a mais alguns exemplos. Você usa sua língua para matar as pessoas? Meus parabéns, Jesus levou outro soco. Obviamente, estou sendo sarcástico. Contudo, digamos que você não seja mentiroso, nem fofoqueiro, nem encrenqueiro, nem brigão, nem adúltero, nem soberbo, nem ganancioso, nem corrupto, digamos que seu problema seja apenas falta de perdão mesmo, ou seja, errou com um você uma vez já é o suficiente para nunca mais ter uma nova chance.

Acredita mesmo que estaria isento? Perceba que não coloquei o orgulho na lista acima para mencioná-lo aqui de propósito. Acredite, foi sua mão que feriu Jesus, junto com a minha. Somos culpados, e Ele é Santo. Enquanto esta ficha não cair, você está em pecado. Simples assim.

A boa notícia? Basta se arrepender e não bater Nele mais. Já pensou se Ele volta justamente quando seus punhos estiverem prontos para um novo golpe? Você poderá usar muitas desculpas, menos a de que não foi avisado.

Esse Profetizador...

Separador

“Deixai crescer ambos, joio e trigo, juntos até a colheita. Por ocasião da colheita, direi aos ceifeiros: Colhei primeiro o joio, amarrai-o em feixes para o queimar; então colhei o trigo e guardai-o no meu celeiro” (Mt 13.30).

O Jesus desse versículo não é muito pregado. Parece um Jesus aos modos de João Batista. Parece um Jesus sem paciência. Um Jesus que vai mandar o joio para o inferno. Realmente, é um Jesus distante da paz e amor do hippie que o ocidente costuma pregar. Mas por que será que Ele está assim? Como dizem, te dou um doce se você acertar. Seria por causa do joio?

Muito bem, meus parabéns! É exatamente por causa do joio.

A questão é: será que o joio somos nós? De que adianta querer se passar por trigo sendo que o coração é puro joio? De que adianta fazer oração de joio achando que o Deus do trigo ouvirá? De que adianta querer sempre ganhar, sempre estar por cima, sempre se dar bem? De que adianta nunca se arrepender?

Acredite, a fórmula é simples, basta se arrepender dos seus pecados de joio e começar a agir como trigo. Enquanto estivermos com roupas de joio, perfume de joio, aparência de joio, emprego de joio, casa de joio, família de joio, dinheiro de joio, e coração de joio, provavelmente teremos o fim anunciado. Ou você acha que o Ceifeiro enxergará trigo em nós, uma vez que somos joios?

Se arrependa, se torne trigo e viva no celeiro do Ceifeiro.

Esse Separador...

Pescador

“Então Jesus disse a Simão: Não tenha medo; de agora em diante você será pescador de homens” (Lc 5.10).

Esse é o momento do recrutamento de Pedro para fazer parte do time dos discípulos de Jesus, se assim podemos dizer.

Depois de uma noite toda de pescaria sem peixes, ao amanhecer, na beira da praia, Jesus que já estava pregando para uma multidão pede que Pedro volte novamente ao mar para mais uma tentativa. Obviamente contrariado, Pedro acaba obedecendo a Jesus. É quando o milagre da pesca ocorre e Pedro se reconhece como pecador diante do Senhor, claro, de joelhos.

Podemos ir para várias direções com o ocorrido, mas gostaria de mencionar uma, a de que o chamado para Pedro é de pescar homens. Perceba que não é para doutrinar homens para sua doutrina, bem como não é para escravizar psicologicamente homens para sua seita. Também não é para aliciar homens para sua militância. Muito menos para ludibriar homens para sua vã filosofia. Não, com certeza não. O chamado de Pedro é para pescar homens para Cristo a partir do evangelho de Cristo, não de Pedro.

Lá no final, Cristo tomará decisões divinas que não nos cabe tentar prever com nossas doutrinas, escravizações, seitas, aliciamentos e demais mazelas que impomos aos homens, como se fôssemos dignos de declarar a verdade suprema a partir de nós mesmos. Caso, evidentemente, nos tornemos de fato pescadores, obviamente, será depois de termos ficados de joelhos perante o Senhor e de termos nos reconhecidos como pecadores.

Para bom entendedor, ajamos assim, primeiro fiquemos de joelhos, depois saiamos para pescar.

Esse Pescador...

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